Livros

Conheça as histórias de mulheres que deixaram sua marca na história

4 de março de 2019

O Dia Internacional da Mulheres está chegando, por isso, queremos sugerir algumas obras que contam histórias de mulheres, que de alguma forma mudaram suas vidas e o mundo. Conheça abaixo um pouco mais sobre os livros.

Mulheres extraordinárias

Livro convida para conhecer de perto histórias da vida real de mulheres e seus comoventes relatos do cotidiano

Escrita pela jornalista Karla Maria, com ilustrações de Rebeca Souza Venturini, a obra Mulheres extraordinárias reúne um conjunto de perfis, reportagens e histórias de mulheres marcadas por diversos dramas sociais, raciais e morais. Desabafos emocionantes de fé e de conquistas, que foram confiados à autora em meio a lágrimas e sorrisos. São relatos de lutas, superações, denúncias de maus-tratos, preconceitos e desespero.

Com olhar jornalístico e sensibilidade feminina, a repórter Karla Maria percorreu as periferias existenciais, lugares distantes e nem sempre atraentes, para narrar histórias de vida que ninguém vê. A autora se põe no lugar das personagens para dar voz a relatos esquecidos e escondidos pelo Brasil afora.

A obra divide-se em 13 capítulos, intitulados “A luta da pele”; “Violentadas pela vida”; “Torturadas”; “Filhas do meio-fio”; “‘Cs’ que inspiram”; “Vidas abortadas e reconstruídas”; “Refugiadas pela vida”; “Vida fora dos trilhos”; “Mestras e aprendizes”; “Meninas que gostam de meninas (depoimentos anônimos)”; “Mulheres de fé”; “Multiplicadoras do bem” e “Ela”.

O livro conta as histórias das delicadas e fortes “Marias” que representam a face de tantas outras mulheres portadoras de tristezas e alegrias.  Segundo Karla, toca a figura da mãe órfã, da mulher traficada, refugiada e freira, ao lado de indígenas, negras e quilombolas; mulheres em situação de rua, que lutam por detrás das grades. Tem MC Soffia, tem Mãe de Maio, Mãe da Sé. Tem mulheres que apanharam e recomeçaram; mulheres belas. Tem a Bela, a vida, a resistência, o grito. Tem Guadalupe, tem Maria, tem fé.

A publicação é fruto de um apanhado de acontecimentos e experiências que Karla Maria apurou ao longo de seus 15 anos de carreira como repórter. A autora não foge das realidades; pelo contrário, apresenta o mundo em que essas mulheres vivem e as realidades que enfrentam. O trabalho é resultado de longas conversas, longas caminhadas e observação do cotidiano delas, com uma apuração delicada e respeitosa.

Além disso, o livro também fala dos bastidores de algumas reportagens, aventuras pelos rincões do país, os dilemas e o medo que às vezes, segundo ela, visita o fazer jornalismo.

Karla Maria é jornalista formada pela Universidade Metodista de São Paulo. Repórter das ruas, becos, rios e morros, da periferia que a TV não viu, não cobriu. Tem olhar sensível e apuração séria. É apaixonada pelo que faz. É Maria, como estas que retrata em seu livro. Foi duas vezes premiada por reportagens especiais e se assume forjada, moldada por tanta vida que viu e morte que sentiu.

Rebeca Souza Venturini é designer e ilustradora formada pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pós-graduada em Design Editorial pelo Istituto Europeo di Design, na mesma cidade, aliando sempre o digital mas sem deixar o lápis.

Mulheres à frente de seu tempo

Mulheres à frente de seu tempo apresenta 23 perfis de santas relatados por estudiosos e estudiosas, escritores e escritoras, historiadores e historiadoras, jornalistas, fiéis e leigos, nomes de inquestionável prestígio, que narram a vida de uma santa com a qual tiveram ou uma experiência de fé ou uma relação de estudo.

São mulheres que foram protagonistas na história da Igreja, todas apresentadas com suas diferenças e particularidades, assim como as dificuldades do sexo feminino em cada época e algumas injustiças praticadas contra elas.

Ritanna Armeni, responsável pelo prefácio, pontua que os casos de santidade feminina ultrapassam os 1.500 e que são uma minoria em relação aos mais de 9.000 casos de santidade masculina. “É quase certo que, durante muito tempo, a santidade feminina tenha sentido a força negativa do estereótipo: apareceu ligada a uma função de serviço, ainda que sublime, a uma obediência carente de consciência, a uma abnegação absoluta e natural”, diz.

Isabel, Petrolina, Cecília, Inês, Catarina de Alexandria, Martinha, Ágata, Luzia, Clotilde, Clara de Assis, Rosa, rainha Isabel, Brígida, Catarina de Sena, Rita, Francisca Romana, Joana d’Arc, Teresa de Ávila, Madalena de Canossa, Francisca Cabrini, Bakhita, Teresa de Lisieux, Teresa Benedita da Cruz. As protagonistas citadas apresentam coragem, liberdade, autonomia; virtudes modernas que as mulheres de hoje buscam praticar em uma síntese difícil, motivo pelo qual são exemplos e, mesmo anos depois, modelos para quem busca reencontrar a capacidade de viver uma existência completa, livre dos pesos dos hábitos e das escravidões pessoais.

Mulheres do Concílio Vaticano II

Entre tantos marcos, o Concílio Vaticano II teve a participação de mulheres em um evento masculino e clerical. Nesta obra, a autora Maria Cecília Domezi apresenta o que o Concílio fez pelas mulheres e, principalmente, o que elas fizeram pelo Concílio, atuando com sua mística, valores humanos, inteligência, práticas, intuições e contribuições múltiplas.

Os tempos mudaram; a mulher já alcançou diversas conquistas sociais e políticas e ganhou seu espaço. No entanto, ainda hoje, passa por um processo de busca e reconhecimento pelo papel que exerce na sociedade. Essa trajetória é longa e as dificuldades de outrora eram mais intensas. Em 1963, o Papa João XXIII havia reconhecido a emancipação das mulheres como um dos sinais dos tempos da sociedade moderna na sua Encíclica Pacem in Terris.

À época, a Igreja Católica era uma das instituições reprodutoras do machismo de maior visibilidade, embora paradoxalmente já contasse com um número surpreendente de mulheres militantes nas diversas frentes de apostolado dentro e fora da Igreja. Foi em 1964 que 10 religiosas e 13 leigas foram convidadas para ser auditoras no Concílio Vaticano II. Elas deixaram marcas importantes nos documentos conciliares e trouxeram reflexões sobre as novas formas de participação do feminismo na Igreja.

Na obra, a autora apresenta temáticas direcionadas às mulheres do Vaticano II: emancipação da mulher; mulheres leigas e consagradas precursoras; mulheres na dignidade batismal etc. Cecilia Domezi também faz um tributo às pessoas estudiosas que deixaram obras fundamentais a respeito do tema. Essa homenagem se estende, de forma especial, in memoriam, a Dom Helder Câmara.

A autora
Maria Cecilia Domezi, cristã católica leiga que vem do convívio e serviço pastoral junto às CEBs, é doutora em Ciências da Religião, mestre em Teologia e em História Social, bem como membro do Observatório Eclesial Brasil. Sua produção acadêmica concentra-se na história da Igreja Católica, dos cristianismos e das religiões, notadamente na América Latina e Caribe, com sua tradição eclesial desde a Conferência de Medellín. Suas publicações têm realçado as mulheres e as CEBs com seu catolicismo popular. Pela PAULUS, publicou também O Concílio Vaticano II e os pobres, da mesma coleção.

www.paulus.com.br

You Might Also Like

Nenhum Comentário

Comente! Sua opinião é muito importante!