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Nem Sim Nem Não – Uma Peça de Teatro Infantil que Ninguém Pediu

2 de julho de 2018

Os atores Graziella Moretto e Pedro Cardoso vêm ao Brasil, diretamente de Lisboa, para apresentar três espetáculos no Teatro MorumbiShopping:

  • O Autofalante é um monólogo escrito, interpretado e dirigido por Pedro Cardoso (Amir Haddad coassina a direção).
  • Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa é um espetáculo de improviso que conta com a colaboração da plateia.
  • Nem Sim Nem Não – Uma Peça de Teatro Infantil que Ninguém Pediu é uma produção inédita com temas que passam pelo autoritarismo, autoestima e educação.

Monólogo O Autofalante, espetáculo Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa e Nem Sim Nem Não – Uma Peça de Teatro Infantil que Ninguém Pediu compõem residência artística com atrações para todos os gostos

Os atores Graziella Moretto e Pedro Cardoso vêm ao Brasil, diretamente de Lisboa, para apresentar três espetáculos no Teatro MorumbiShoppingO Autofalante (27 de junho a 24 de agosto) é um monólogo escrito, interpretado e dirigido por Pedro Cardoso (Amir Haddad coassina a direção). Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa (7 de julho a 26 de agosto) é um espetáculo de improviso que conta com a colaboração da plateia e Nem Sim, Nem Não – Uma Peça de Teatro Infantil que Ninguém Pediu é uma produção inédita que faz temporada de 7 de julho até 26 de agosto com temas que passam pelo autoritarismo, autoestima e educação – ambos os espetáculos são criados, dirigidos e interpretados por Graziella e Pedro.

Residentes de Portugal há três anos, os atores apresentam-se lá e também no Brasil, onde circulam frequentemente com as peças O Autofalante (1990), Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa (2011) e a mais recente O Homem Primitivo, que esteve em cartaz em São Paulo em 2015. Os artistas também estão em processo de criação da peça A Pessoa Honesta, com previsão de estreia para 2019 e com material de pesquisa baseado nas temporadas mais recentes que têm feito de Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa.

O Autofalante

O monólogo de Pedro Cardoso conta a história de um homem que diz ter sido abordado por outro na rua, e que este outro afirmou que eles eram a mesma pessoa. Como num jogo de espelhos, o público lida com os questionamentos despertados por essa personalidade misteriosa. Identidade, relação com o desemprego e um passado recente associado aos impasses de lidar com as tecnologias criadas no começo dos anos 1990 garantem a permanência da peça, que se mantém atual mesmo após 30 anos da primeira encenação.

“Ainda não havia redes sociais e o telefone portátil era uma novidade. Mas os vícios das indústrias da comunicação – e suas mentiras e manipulações; e o uso abusivo que a publicidade faz de todo e qualquer meio – já estavam se anunciando. E, hoje, muito do que estava ainda se esboçando, fez-se presente na sociedade de modo ainda mais agressivo do que eu supus que seria quando escrevi”, diz Pedro. Para o artista, o humor se produz na revelação do sentido oculto dos acontecimentos. “Ele nada tem a ver com a dramaticidade – ou a tristeza, ou a tragédia – do que se conta. Tem a ver com o distanciamento do narrador em relação ao que é contado”.

Pedro entende por esse distanciamento uma postura crítica, uma não aceitação do que é tido como já revelado, “uma postura crítica; uma não aceitação do que é tido como já revelado; uma busca pelo sentido que permanece escondido na trama da banalidade cotidiana. Ao propor-se esta atitude reflexiva, o ator encontrará, inevitavelmente, a comédia. Não porque ele a produza, exatamente. Mas porque o público a produzirá quando confrontado com a revelação do que, embora já fosse sabido, permanecia protegido de ser explicitado evidentemente pelos mecanismos de defesa e fuga da verdade, que são tão naturais ao ser humano”. O artista ainda diz que “o riso é o resultado no corpo de acessão a consciência de um conteúdo inconsciente. Eu rio da soberba de Édipo e das simulações de loucura de Hamlet; e ambas são tidas como tragédias. Rio delas, mas não sei precisamente do que. E este rir de algo que, embora seja uma revelação, nunca saberemos muito bem precisar, é que faz a comédia tão fascinante, na minha opinião”, completa.

Uãnuêi – Esta Noite Se Improvisa

A cada sessão, uma peça completamente diferente da anterior e criada na hora a partir de um tema proposto pela plateia: esse é o espetáculo Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa, idealizado por Pedro Cardoso e Graziela Moretto em 2011.

O espetáculo de improviso long form (termo que designa uma peça longa improvisada a partir de um único tema) conta com uma relevante coautoria do público. A cada sessão, alguém dá um tema que serve de partida para a apresentação de Pedro e Graziela. “Em lugar de trazermos já decidido o assunto, que haveremos de ter recolhido em nossas próprias preocupações, nos decidimos a dispor a nossa criação a serviço do assunto que o público elege como prioritário. E permanecemos em conexão com essa escolha do outro, na tentativa de dizer algo sobre o assunto dele. É uma autêntica parceria. Dá-nos o mote que faremos o repente. Teatro popular, de forte raiz na cultura do povo brasileiro”, diz Graziella.

Atual por definição, o espetáculo de improviso é sempre o testemunho de um nascimento. Juntos, criaram uma analogia da peça com uma partida de futebol: “A graça do jogo é não saber quando a jogada vai dar certo e resultar no gol, que é sempre um acontecimento raro. Também no teatro de improviso é raro o momento em que a dramaturgia se conclui de forma perfeita e, em alguns casos, ela nem se conclui, mas a alegria que nos causa quando a jogada termina em gol é a mesma que nos assalta quando o improviso termina em uma fábula perfeita”.

Para o casal, não há um tema mais desafiador que o outro. “Não é o tema que pode tornar o improviso difícil – é a recusa que traz dificuldades”, explica Pedro, que diz receber todas sugestões com igual humildade. O formato ganhou até versão televisiva exibida pelo Fantástico, da Rede Globo, em 2014, alcançando grande sucesso na programação.

Nem Sim Nem Não – Uma Peça de Teatro Infantil que Ninguém Pediu

Nem Sim, Nem Não é a primeira empreitada do casal em um trabalho dedicado ao público de todas as idades, isso porque “o que é para crianças, é para todos”, nas palavras dos criadores da peça.

O espetáculo conta a história de uma jovem que, como tantas no Brasil, tem que começar a trabalhar cedo como empregada doméstica para ajudar a família. Ela consegue dois empregos; o primeiro, numa casa em que tudo pode: a casa do Sim. Lá pode tudo. Até o que não pode, lá pode. A outra casa em que ela arruma emprego é a casa do Não, onde logicamente tudo é proibido, principalmente dizer sim. Por ter que cuidar de crianças, ela aprende a contar histórias.

Uma série de aventais irá cumprir a função de identificar personagens, ajudar a construir a narrativa e até terão parte na composição de uma cenografia cheia de mobilidade. Os adereços são assinados por Giovanna Moretto, figurinista de outros espetáculos da dupla, como a última remontagem de Os Ignorantes, O Homem Primitivo e Uãnuêi.

“Nosso teatro é colado ao essencial; somos frutos de uma combinação entre o Teatro de Rua, o Teatro Antropológico, o Improviso e a Comédia. Nosso compromisso é com a liberdade, para o artista e para o público. Não construímos nossa dramaturgia à partir de formas estéticas, marcações, desenhos de cena. Todo nosso teatro nasce quando o público chega. Portanto o que estamos fazendo agora é reunir todas as nossas experiências e pesquisas sobre tradição oral, narrativas e contação de história, e buscando a teatralidade para essa fábula que criamos”, diz Graziella.

Seguindo a tendência de seus demais espetáculos, esse também será apoiado na presença do ator diante da audiência e na relação ali estabelecida. Com poucos elementos cênicos, o mais relevante no palco será o corpo em cena.

A peça busca falar sobre os defeitos e as consequências de todos os radicalismos; especialmente aos ligados à educação, em um tempo que dá pouca chance para hesitações e variações. “Nem sim nem não é a resposta pedagógica a ditadura do sim e do não. Nada é sim ou não, apenas. É sobre isso que pretendemos falar. Mas logicamente, do nosso jeito. É uma história, contada à moda antiga com dados novos. E, no que depender de nós, com muito humor”, diz Pedro.

Para roteiro

O Autofalante – De Pedro Cardoso. Direção: Amir Haddad e Pedro Cardoso. Vídeos: Gringo Cardia e Marcelo Tas. Coordenação de produção e supervisão técnica: Hernane Cardoso.

Temporada27 de junho a 24 de agosto, quarta, quinta e sexta-feira, 21 horas. Duração: 70 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)

Uãnuêi – Esta Noite se Improvisa – De Graziella Moretto e Pedro Cardoso. Piano: Dudu Trentin. Percussão: Rodolfo Cardoso. Coordenação de produção e supervisão técnica: Hernane Cardoso.

Figurinos: Giovanna Moretto. Temporada7 de julho a 26 de agosto, sábado às 21 horas, e domingo, às 19 horas. Duração: 70 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)

Nem Sim Nem Não – Uma Peça de Teatro Infantil que Ninguém Pediu – De Graziella Moretto e Pedro Cardoso. Música ao vivo: Dudu Trentin e Rodolfo Cardoso.

Direção técnica e de produção: Hernane Cardoso. Figurinos: Giovanna Moretto. Temporada7 de julho a 26 de agosto, sábado e domingo, às 16 horas. Duração: 50 minutos. Classificação: Livre. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)

Teatro MorumbiShopping – Av. Roque Petroni Junior, 1089, Estacionamento do Piso G1, Jardim das acácias, São Paulo. Capacidade: 250 lugares. Horário de funcionamento da bilheteria:

Horário de funcionamento da bilheteria: Terça a Quinta, das 14h às 21h, Sexta, das 14h às 23h, Sábado, das 13h às 23h, Domingo, das 13h às 20h. Telefone: 5183-2800. Estacionamento Comum: até 2 horas – R$ 16,00. Estacionamento Valet: até 1 hora – R$ 20,00. Estacionamento Motos: a cada 4 horas – R$ 10.

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