Mulher & Maternidade Saúde

Pacientes com câncer podem continuar sonhando com a maternidade

4 de novembro de 2016

De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) espera-se no Brasil para o biênio 2016-2017 a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer.  Desses, espera-se que, somente esse ano, 57.960 mulheres sejam diagnosticadas com câncer de mama. Além disso, o câncer de intestino (8,6%), de colo do útero (7,9%), de pulmão (5,3%) e de estômago (3,7%) estarão entre os principais.

Após o diagnóstico, os pacientes se veem totalmente focados nas possibilidades de cura após o tratamento e na continuidade da vida. Porém, muitos casais acabam se deparando, mesmo com a possibilidade de cura (95% nos casos de câncer de mama), com a privação de um sonho: a criação ou o crescimento da família. Isso porque tanto a quimioterapia quanto a radioterapia podem comprometer a fertilidade feminina e masculina. A alta dosagem medicamentosa afeta os testículos e os ovários, danificando a produção, a quantidade e a qualidade de espermatozoides e óvulos. Muitas mulheres chegam a parar de ovular após o fim das sessões, com casos de infertilidade comprometida em quase 90%.

Câncer

A preservação da fertilidade através do congelamento de óvulos, sêmens e embriões é uma opção viável que pode ser realizada pouco antes do início do tratamento quimioterápico. Geralmente a mulher pode levar de 10 a 15 dias para finalizar o processo de preservação da fertilidade, seja para o congelamento de óvulos ou de embriões.

Dra. Ana Lucia Beltrame, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana, explica que as técnicas de reprodução assistida podem variar de acordo com o histórico médico e com o estado físico de cada paciente. “Especialmente para pacientes mais jovens que ainda não constituíram uma família e tem esse sonho, as técnicas de reprodução assistida são a esperança de conseguirem realizar esse desejo após o fim do tratamento. Mas é preciso que todos tenham acesso às alternativas para que decidam o quanto antes, pois precisamos dar início antes das sessões de quimio. O congelamento de óvulos e embriões são técnicas já estabelecidas, não experimentais que devem ser oferecidas aos pacientes segundo a Sociedade Americana de Oncologia Clinica. No entanto, infelizmente, por desinformação, muitos pacientes não são submetidos a estes procedimentos”, completa a especialista.

Os tipos de tratamentos disponíveis são:

  • Criopreservação de óvulos
  • Criopreservação de Embriões
  • Transposição Ovariana: consiste da mudança anatômica da localização dos ovários, retirando-os do campo de radioterapia.
  • Criopreservação de Tecido Ovariano: técnica que retira e congela pequenos fragmentos dos ovários para posterior transplante e ovulação espontânea. Seus resultados ainda são limitados em relação ao congelamento de óvulos e embriões

Sobre Dra. Ana Lucia Beltrame

Médica formada pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo. Especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia fazendo residência médica no Hospital das Clínicas na Universidade de São Paulo. Realizou sua pós-graduação como mestra em ciências na Universidade de São Paulo, tornando-se especialista na área de Reprodução Humana. Também é especialista em laparoscopia e histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Anualmente participa de congressos internacionais e é Membro da ASRM (American Society for Reproductive Medicine) e da ESHRE (European Society of Human Reproduction and Embriology).

Imagem: Obertolorenzon

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