Mulheres com lesões graves na cavidade uterina fazem tratamento com células-tronco e conseguem engravidar com o próprio útero
As múltiplas utilizações das células-tronco têm sido motivo de estudos em diferentes áreas da medicina. E a mais recente novidade acaba de ser apresentada na 33ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). O evento que está sendo realizado em Genebra, na Suíça, reúne alguns dos maiores especialistas do mundo na área da Reprodução Humana, entre eles, os médicos brasileiros Paulo Gallo e Maria Cecília Erthal, diretores do Vida-Centro de Fertilidade, membros da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana Assistida (SBRA) e diretores da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).
A doutora Maria Cecília Erthal relata detalhes do estudo apresentado pelos pesquisadores de universidades da Espanha. De acordo com a Dra. Maria Cecilia, as células-tronco foram usadas no tratamento de aderências e/ou atrofia do endométrio, um problema que impede que o endométrio cresça mais de 5 milímetros e é uma causa de distúrbios menstruais e infertilidade. Até hoje muitas terapias foram tentadas para tratar esse problema mas nenhuma provou ser eficaz.
Os estudos na Espanha foram desenvolvidos No Hospital Clínico Universitário de Valência e IVI Valência. 11 pacientes tratadas apresentaram melhoras na cavidade endometrial e aumento na espessura do endométrio para acima de 6 milímetros após dois meses de uso das células-tronco. Os especialistas espanhóis usaram células-tronco produzidas pela própria paciente.
“Essas células vêm da medula óssea e são retiradas do plasma sanguíneo e inseridas nas artérias que nutrem o endométrio. O objetivo é estimular o crescimento endometrial que nesses casos de aderências e/ou atrofia é bastante prejudicado. É um trabalho experimental porém bastante promissor, já que nessas situações a única forma da gravidez acontecer seria através do útero de substituição”, afirma a dra. Maria Cecília.
O Dr. Paulo Gallo, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, acrescenta que apesar de ser experimental, o estudo é muito importante para mulheres nas quais a lesão da cavidade uterina era tão intensa que não tinha correção cirúrgica.
“O que esse estudo já trouxe de resultado até agora é que 7 mulheres conseguiram engravidar com seu próprio útero e 2 bebês nasceram após o tratamento com células tronco”.
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