Uma pesquisa inédita do Centro de Estudos Turísticos de Firenze revela que 38,2% dos casais, incluindo brasileiros, desejam se casar nas vilas italianas cercadas de trigo, oliva e girassóis. Em segundo lugar aparecem os hotéis de campo, seguidos pelos castelos, depois os hotéis de luxo e, por fim, o casamento no ‘comune’, que é a prefeitura local. A Toscana é o local preferido para celebrar o casamento de quase 31% dos casais, ficando à frente de lugares como Lombardia, Campania, Veneto, Lazio. E o ritual simbólico é o predominante nessa região, entre outros formatos como civil e religioso.
O número cada vez maior de casais brasileiros, incluindo famosos, contribui para o aquecimento do mercado de Destination Wedding. Dados da pesquisa indicam que seremos responsáveis, junto aos australianos e chineses, pelo boom desse mercado que movimentou, apenas na Itália, mais de 500 milhões de euros. Aliás, o brasileiro vem gastando e se hospedando mais no país, sobretudo em se tratando de viagens Wedding: de acordo com a Agência Nacional Italiana de Turismo (ENIT), em 2017 foram gastos € 721 milhões de euros em 2,3 milhões de pernoites (em viagens em geral), um aumento de 20% em relação ao ano anterior. E a expectativa para 2019 é um fluxo 15% maior de brasileiros.
O Casamento mudou, sim!
“Hoje ninguém se casa para dar satisfação para a sociedade. E, sim, porque há o desejo dos noivos de passar por esse ritual. A atitude mudou. As pessoas querem ser felizes”, afirma a gerente de marketing Luciana Santos, que assume a marca “Casamento na Itália” – dedicada exclusivamente a realizar casamentos para brasileiros no país – originada da pioneira Getting Married in Italy (@gettingmarriedinitaly), uma das mais importantes assessorias em Destination Wedding da Itália, com mais de 1000 eventos em seu portfólio, em 22 anos.
Esse desejo de ter uma experiência única, foi o que motivou o casal Maria Fernanda Raphaelli e Rafael Alves, de 35 anos. Foram três dias de festa em uma vila na Toscana, sendo o primeiro – véspera da celebração – um jantar com degustação de vinho para 90 convidados. “Foi um clima muito harmonioso. Queria uma experiência que realmente impactasse a vida dos convidados, da qual eles pudessem lembrar para sempre. Em um casamento tradicional, o convidado se arruma no dia e vai. No outro dia, volta a rotina normal. Não muda nada. Além disso, fazer casamento no Brasil requer convidar pessoas por politicagem e eu não queria isso”, afirma a Maria Fernanda, que fez questão de acrescentar ao convite de casamento tagsde mala e máscara de descanso personalizados para o voo. A experiência também proporcionou uma integração entre as famílias dos noivos que não seria possível nos moldes habituais. “No terceiro dia de festa, passamos a tarde toda juntos, adultos e crianças, sentados no gramado em toalhas e almofadas, como se fosse um piquenique. Amigos e familiares, que tinham acabado de se conhecer, cantaram juntos. Foi inesquecível”, destaca.
O hábito de se casar fora do país tem atraído muitos brasileiros que querem viver essa ocasião de uma forma diferente, aliando a troca de alianças, por exemplo, a uma viagem dos sonhos. “E a Itália é um dos países mais escolhidos por ter uma enorme conexão com o Brasil, que abriga mais de 30 milhões de brasileiros descendentes de italianos, além da combinação do clima, gastronomia e amabilidade do povo italiano”, afirma Luciana.
Além disso, “as peculiaridades das celebrações italianas são outro atrativo. Na Itália, a fartura dos casamentos pode surpreender quem vem de fora, já que os comes e bebes são verdadeiros protagonistas das celebrações. São ao menos cinco pratos que antecedem o momento de cortar a torta de casamento italiana que, tipicamente, é feita com massa folhada e um delicado creme de confeiteiro. É possível solicitar à equipe de catering que monte a torta na hora, em frente aos convidados – uma experiência que é sempre um sucesso”, relata.
A wedding planner defende que “muitos brasileiros nem conhecem a Itália, mas sonham em se casar naquele país, seja por conta da herança genética, que motiva a querer conhecer a terra dos ancestrais, seja pela história, ou pela beleza dos cenários naturais, como os campos de girassóis, de trigo, de oliva, as vinícolas a perder de vista da Toscana. Quando falamos do litoral, encontramos aquelas paisagens de mar azul indescritível e profundo, penhascos e rochas, como a Costa Amalfitana, além das ilhas, que são um pouco fora da rota turística e farão os noivos sair do óbvio, como a Sardenha e a Sicília. E Capri, essa última com valores um pouco mais altos, justamente pela região de Capri ser considerada um dos pontos turísticos preferidos por estrangeiros e por atrair dezenas de casamentos”, diz Luciana.
Para a pioneira no mercado de Destination Wedding na Itália, Sandra Santoro, a diferença das comemorações atuais se deve ao fato dos pais terem “menos voz” nas decisões do casal e, por consequência, no formato da festa e na lista de convidados. “Os casais de hoje não se enquadram em regras sociais. No entanto, não é verdade dizer que desejam celebrar somente sozinhos. O que não é mais concebível, na visão deles, é investir em uma festa para 100 a 200 pessoas”, destaca.
Sandra também explica o aumento exponencial do Destination Wedding, modalidade de celebração que pode acontecer tanto em um ritual para os noivos e seus pais – o Elopement Wedding (‘to elope’ em inglês: fugir) ou em uma cerimônia intimista para 20 a 30 pessoas – a Mini Wedding. Para oElopement – a modalidade mais procurada pelos brasileiros, o investimento é de 7.500 euros, em média, o equivalente a R$ 35 mil. Já o Mini Wedding, pode ser realizado a partir de 18 mil euros. “Os casais chegam a investir, muitas vezes, o mesmo valor, ou bem menos, do que investiriam em uma festa nos moldes tradicionais no Brasil. “Eles valorizam agora a experiência de casamento, algo que seja só deles ou dos seus. O mesmo vale para pedidos de casamento ou renovação de votos”, conta Sandra.
Quando falamos de cerimônias para brasileiros, Luciana conta que, para ajudar os noivos, são apresentadas todas as opções que o território italiano pode oferecer. “Se o casal for mais clássico, por exemplo, e estiver procurando vistas espetaculares e charmosas, recomendo um dos seguintes lagos: Garda, Lago de Como ou Lago Maggiore”, informa. No pacote estão inclusos: o local que o casal escolher (quer seja nas montanhas, na praia, em uma vila cinco estrelas na Toscana cercada por parreiras), o planejamento completo da festa (do início ao fim, incluindo no dia), o celebrante, fotógrafo, maquiador, o buquê da noiva, decoração com flores, um dueto de cordas ou violinista, e um jantar romântico a dois.
Os noivos ainda podem optar por mimos dentre uma lista de itens extras como, chegar à cerimônia a bordo de um carro antigo ou de helicóptero, ter um quarteto de cordas na cerimônia, um harpista, um arco de flores, uma mesa com o tradicional bolo de casamento, enfim, as opções são infinitas. O atendimento “pessoa a pessoa” inclui toda a conversação, do início ao fim, na língua dos noivos, algo que a diretoria italiana fazer questão de pontuar. “Aliás, esse é um diferencial que conta muitos pontos para que não haja barreiras de comunicação”, conta Luciana que, nos últimos anos, desenvolveu projetos especiais para marcas como Emilio Pucci, da holding francesa LVMH, e para marcas italianas de luxo.
Outro ponto tratado com atenção é a peculiaridade trazida da cultura verde amarela. “O que mais observamos no modo de celebrar dos brasileiros é que, realmente, eles querem se divertir e proporcionar esse divertimento aos seus convidados. Quando os recebemos aqui, propomos todo tipo de entretenimento, como artistas, música ao vivo, DJs internacionais e atenção especial às bebidas. Até o horário é um diferencial na hora de pensar a celebração, isso porque eles querem se divertir até o Sol raiar, o que, na Itália, não é algo comum. As comemorações geralmente terminam à meia-noite, o que, para os brasileiros, é quando a festa deveria começar”, completa Sandra.
As festas de 20 a 30 convidados costumam ser muito requisitadas por casais que querem comemorar com os familiares e os amigos mais próximos. “Podemos fechar com exclusividade uma vila e fazer uma festa super íntima. Chamamos de vila um complexo hoteleiro que pode ter de 7 a 30 quartos. Uma vila que possui apenas 7 apartamentos, fica à disposição do casamento, mas só consegue hospedar a família imediata dos noivos. Existem vilas com até 30 quartos que conseguem acomodar todos os convidados. A vila pode ser alugada só para a cerimônia do casamento, ou pode servir também para hospedar os convidados, inclusive, por mais dias além do casamento. São duas modalidades diferentes”, diz.
Essas celebrações de, no mínimo, três dias, são chamadas de Wedding Weekend. É o tipo de celebração para pessoas que não querem fazer apenas um casamento, mas também viver uma experiência de comunhão com os entes queridos. Geralmente alugam todos juntos uma vila ou um hotel.
“Um dia antes do casamento os noivos pedem um almoço ou jantar de boas-vindas. Aí vem o dia do casamento. E, no dia seguinte, ou alguns dias pós, um brunch de despedida para conseguir dar tchau e abraçar todo mundo. Temos um serviço de concierge, contratado a parte, em que podemos cuidar de tudo para os noivos e convidados, desde o hotel, reservas, organização de passeios, por exemplo, degustações de vinhos como parte dos preparativos para a cerimônia, ou ainda excursões de caça às trufas no dia seguinte, realizadas com a presença de cães farejadores”, completa.
A pesquisa coletou dados de 976 locações (hotéis, castelos, vilas) e opiniões de 489 wedding planners ativos em todo o território da Itália, totalizando uma amostra de 1465 questionários.
Crédito das fotos: divulgação gettingmarriedinitaly®
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