Mesmo tendo feito o Teste da Orelhinha ao nascer, é fundamental que a criança passe por novos exames ao longo da infância, pois a perda auditiva pode ser genética, progressiva ou ser causada por infecções ou medicamentos ototóxicos
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A dificuldade para ouvir pode afetar a vida de uma criança de várias maneiras. Uma delas é no desenvolvimento da fala. Por isso, é importante que os pais estejam atentos a um possível atraso na linguagem oral, nos primeiros dois anos de vida, a fim de que a criança não sofra efeitos negativos em seu desenvolvimento e que podem causar embaraços por toda a vida.
Apesar de o atraso ou dificuldades na fala, além da falta de diálogo, serem os sinais mais importantes de perda auditiva, muitos pais relacionam esses problemas a outros distúrbios e só buscam tratamento quando novos sintomas começam a surgir. Diagnósticos equivocados e o costume de esperar que a criança desenvolva o diálogo naturalmente podem acarretar danos irreparáveis na infância e até na vida adulta; além de atrasar o tratamento do déficit auditivo.
“Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de desenvolvimento da criança, além de melhores resultados no processo de tratamento que possibilitam que o desempenho comunicativo seja alcançado mais rapidamente, muito próximo ao de crianças ouvintes”, explica Marcella Vidal, fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas, especialista em tratamento infantil, que complementa: “a perda auditiva pode ser diagnosticada com uma audiometria, um exame simples que detecta a doença em até 90% dos casos, dependendo da idade e da colaboração da criança”.
Mesmo que a criança, quando recém-nascida, tenha passado pelo Teste da Orelhinha sem apresentar alterações, ao menor sinal de dificuldade na fala é importante que ela seja submetida a novos exames, pois a perda auditiva pode ser genética ou progressiva, ou mesmo ser causada por medicamentos ototóxicos ou por infecções, como sarampo, rubéola e meningite, se manifestando, portanto, ao longo da infância. Exames como o PEATE (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico) e o EOA (Emissão Otoacústica) podem detectar o grau de perda auditiva, servindo como ponto de partida para que o médico otorrinolaringologista indique o tratamento mais adequado para cada caso.
“O processo de maturação do sistema auditivo central ocorre durante os primeiros anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste período de maior plasticidade cerebral é imprescindível, já que para o aprendizado da linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvimento intelectual, emocional e de habilidades, é preciso que as crianças interajam com seus interlocutores e, assim, estabeleçam novas conexões neurais. É importante enfatizar também que há diferenças entre ouvir e escutar. Os sons que entram pelos ouvidos precisam fazer sentido, ter significado”, pontua a fonoaudióloga da Telex, que é especialista em audiologia.
Com o passar do anos, por causa da falta de diálogo com outras pessoas, a perda auditiva afeta a socialização e a autoestima das crianças e também pode prejudicar bastante seu desenvolvimento cognitivo e alfabetização. De acordo com o Censo Escolar, entre 2011 e 2016 houve redução de 23% no universo de estudantes surdos, o que dá a entender que esse público estaria deixando a escola. Não raro, há pessoas que só identificam a perda auditiva na universidade e descobrem que problemas de aprendizagem e até mesmo o déficit de atenção diagnosticado na infância eram, na verdade, oriundos de dificuldades para ouvir.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 32 milhões de crianças, no mundo inteiro, têm algum tipo de deficiência auditiva, sendo que 40% dos casos ocorrem devido problemas genéticos e 31% por infecções, como sarampo, rubéola e meningite. No Brasil, segundo dados do Censo de 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um milhão dos 9,7 milhões de pessoas que têm deficiência auditiva são jovens de até 19 anos. Estima-se que três em cada 1.000 crianças sofrem algum tipo de perda auditiva.
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